29 de fev. de 2012

Anjos Terrenos

Brigue. Xingue. Bata. Fale a verdade por mais que doa. Minta quando for extremamente necessário -de preferência não-. Dê puxões de orelha. Aconselhe. Chore. Sorria. Perca a paciência. Dê a mão. Dê o ombro. Explique. Ajude. Defenda. Fique contra. Brinque. Zoe. Derrame veneno. Meta-se em confusões. Faça. Pois nossos anjos terrenos merecem isso e muito mais. Dê seu coração a seus amigos. Verdadeiros. Depois de Deus e de seus pais, ninguém cuidará dele tão bem do seu órgão pulsante quanto eles.

26 de fev. de 2012

Porque você não é só mais aquela pessoa que dá prazer de olhar.
Tornou-se a pessoa que eu preciso olhar.
De manhã, com o cabelo bagunçado, a cueca com parte do bumbum de fora, me dando beijinhos pra acordar.
No almoço, pra ver você se atrapalhar todo na cozinha.
A tarde, com você cochilando com a cabeça apoiada no meu colo enquanto eu te faço carinho.
No jantar, com a mesa toda decorada com velas, vinho e uma comida apetitosa.
A noite, pra podermos gastar todas as calorias e as energias acumuladas durante o dia todo. Numa brincadeira que é sempre bem-vinda e que não tem pressa e nem hora pra ter um fim.
Quero você de corpo e alma. Pra mim. Só pra mim.

Estranha Realidade

Olho para o céu e não vejo apenas nuvens ou sinto a ardência do Sol em contato com a minha retina. É muito mais do que isso. Muito mais do que os olhos humanos podem enxergar.
A brisa do vento acariciando meu rosto, como se quisesse cobri-lo de amor, a sensação de liberdade tomando conta do meu corpo com mais intensidade conforme o tempo.
Fechar os olhos e ficar descalça, andando na grama, sentindo-a fazer cócegas. Sentir a areia meio molhada, abaixo da camada de verde intenso, sujando cada centímetro dos meus pés, dando uma leve refrescada.
Caminhar até a praia, mudando completamente a temperatura do meu andar ao entrar em contato com os grãos de areia quentes daquele lugar libertador.
Senti-la engolir milimetro a milimetro da minha pele, enquanto o calor gostoso ia tomando conta do meu interior e, começando a suar e correr ao encontro do mar.
Aquela brisa me beijando suave e profundamente ao mesmo tempo, os pais olhando atentamente seus filhos fazendo castelinhos de areia, pessoas se exercitando e eu só conseguir ver a imensidão do mar que, a cada segundo, chamava pelo meu nome e cantava uma canção maravilhosa. Irresistível.
A sensação da água morna na minha pele me fazia esquecer de qualquer distração. As ondas quebrando perto do lugar onde estava, respingando gotículas daquele líquido salgado, sagrado -e sujo, mas isso é o que menos me interessava-. Sair de lá, e sentar no banco da pracinha, beber água pura, comer uma porção de batatinha e esperar os ventos me secarem.
Olhar pra trás e ver aquelas árvores enormes com suas folhas mexendo-se numa sincronia perfeita. Meu coração estava anestesiado de tanto tesão pela natureza que as pessoas teimam em fingir que não existe.
Adentrei na floresta, ainda descalça, e os galhos me davam um desconforto gostoso ao caminhar. O barulhos das folhas, dos meus pés tocando a grama e os passarinhos dançando da maneira mais engraçada e observante possível. Mas era a apresentação mais linda que já assisti. Os pios seguidos de zumbidos de suas asas batendo contra a brisa me davam vontade de querer voar com eles, olhar tudo lá de cima, analisar a visão que eles tem tanto privilégio de ver.
Sentar em um toco de árvore e aproveitar ao máximo possível daquele paraíso, não descoberto, antes que a noite caia e eu tenha que voltar a minha estranha realidade.

25 de fev. de 2012

Clara era uma criança linda. Realmente.
Adorava comer banana amassada, beber leite morno na mamadeira, odiava ficar sozinha, não suportava roupas, era extremamente curiosa e precisava de duas babás, uma avó, um pai e uma mãe pra dar conta dela.
Completamente feliz. Até entrar no famoso ensino fundamental.
Clara começou a ganhar uns quilinhos a mais, precisou de óculos, era super inteligente, a melhor aluna da sala. E junto com tudo, de “brinde”, veio o bullying.
Com o tempo, ela não começou a se afastar das pessoas que sempre lhe humilhavam, e se aproximou das que lhe davam proteção e amor.
Quando entrou no, para alguns, melhor do ensino fundamental (nono ano), as coisas fugiram do controle. As chacotas aumentaram, a humilhação se tornou intensa, e ninguém se importava realmente com ela, afinal, era “ninguém”.
Clara não agüentava mais aquela vida. Chegou uma hora, que nem ela mesma sabia o que fazer. A dor interior era tanta, que era até insuportável. Mas, ela achou uma solução: enquanto depilava sua perna e pensava em tudo o que estava acontecendo se cortou de leve, mas a ardência era tanta, que ela não estava sentindo dor nenhuma em seu coração. Chegou a uma conclusão. Substituição.
A partir daquele dia, toda vez que sentia dor no coração, ela pegava o “bisturi” da gaveta de calcinhas de sua mãe e se cortava. Mas não no pulso, é visível e clichê! Cortava as coxas, barriga. Deixava suas unhas compridas, assim poderia se arranhar, e o resultado seria o esperado.
Mas com o tempo, os cortes e os arranhões não eram suficientes. E as dores no peito se tornaram mais intensas. E foi nesse dia que Clara pegou uma caixa de remédios escondido. Pegou comprimidos de todas as formas, cores e tamanhos que conseguiu encontrar. Pegou uma garrafa de vodka de seu pai, colocou um pouco em um copo, misturou um pouco de suco e engoliu tudo na esperança de ser o mais rápido e menos dolorido possível.
Errada.
Sua vida passou em um filme que parecia eterno. Momentos bons, ruins. Sua família, amigos, sonhos, todos estavam passando numa velocidade extrema, que dava uma sensação única de desespero. Tudo o que ela estava deixando pra trás.
Dor. Dor. Mais dor. Queria gritar por socorro, mas sua voz não saia, parecia que tinha uma bola em sua garganta que a impedia de soltar qualquer som oral. Queria se mexer, mas seu corpo parecia que estava paralisado. A única coisa que sentia era dor.
Desespero. Quando tinha certeza que não teria mais chance nenhuma, desistiu.
O sono profundo. Profundo? Nunca se iluda.
Fogo. Tudo queimava. Parecia que estava num forno a lenha, ligado. Não conseguia gritar, se mover, e tinha desistido de tentar.
Mas uma voz em sua mente dizia pra lutar! Serena, calma, suave.
Clara disparou em uma luta incessante contra a morte e, aos poucos, a queimação foi cessando, a respiração se estabilizando, e estava retomando a consciência.
Quando se deu conta, estava deitada no chão, com fortes dores no corpo, devido á reação dos medicamentos. Levantou vagarosamente, pegou seu telefone celular, e ligou pra sua melhor amiga, a fim de pedir ajuda que não demorou a chegar.
No meio de carinhos, abraços, colo e conforto, Clara percebeu que não estava sozinha. Mesmo que a maioria dos seres humanos a sua volta tenham lhe feito mal, tinha uma pessoa que realmente lutava por ela e vice versa.
Claro que nunca mais foi a mesma, afinal, ninguém melhora de uma hora para a outra. Mas aos poucos, percebeu que a vida vale toda a luta e que, no final, tudo ficará bem.

23 de fev. de 2012

Zeus está com fogo nessa noite! Raios e trovões o tempo todo em diferentes sons.
Com certeza está lembrando e sentindo um aperto no peito, por ser a última viagem que fará nos palcos com 27 pessoas maravilhosas, que se deram de corpo e alma pelo mesmo ideal.
A última viagem a Grécia, num navio cheio de esperança, amor, dor, coragem e atitude em busca da vitória.
Navio comandado pelo capitão mais bravo e ao mesmo tempo gentil com todos os seus marujos.
Será uma viagem sem volta, no momento. Com caminhos que todos lutaram pra iluminar e seguir adiante.
Uma viagem pela maré do teatro.

22 de fev. de 2012

E ai sociedade, até quando vão querer cuidar da minha vida?
Eu dou um duro danado pra dar conta de mim sozinha que eu quero saber como vocês conseguem cuidar das suas, e das nossas ao mesmo tempo?
Ou a minha vida é boa demais e vocês querem uma casquinha dela, ou as suas são insignificantes demais e precisam de uma diversão adicional, ou vocês são fodas e conseguem cuidar de 7 bilhões de vidas diferentes.
Dá licença, né? Vamos colocar a mão na consciência e cada um cuidar do próprio cu, por favor!

Aquele Homem de Jaleco Branco

Eu olhava pra você e me sentia orgulhosa. Não sei, foi tão de repente que nem sei como começou.
Suas mãos quentes e delicadas mexendo no meu corpo sem nojo ou preconceito. Apalpando e escutando tudo pra ter certeza que não estava deixando nada para trás.
Falando com aquele jeitinho, delicado, preocupado, sério e com um fundo de sensualidade que fazia qualquer tipo de dor passar.
Me pedindo pra deitar e fechar os olhos porque iria fazer uma massagem básica e rápida pra ajudar os músculos a relaxar e, consequentemente, aliviar um pouco o incômodo.
Seus dedos, firmes e práticos fazendo círculos e desenhos sem forma por toda a extensão do meu corpo dolorido, fazendo com que a dor fosse se esvaindo. Dando risinhos quando sons incompreensíveis saiam da minha boca.
Suas mãos passaram pelos pés, coxas, quadril, barriga, cintura, braços, busto, pescoço... Na cabeça, você fez questão de chegar bem perto, pra ter certeza que estava tudo bem, perguntando como estava, se tinha algo doendo e eu, cada vez mais, me segurando pra não deixar seu hálito quente e delirante me distrair.
Quando fiquei mais "relaxada", você pedir pra eu me levantar, porque queria que prescrever a receita médica. Me ajudou a levantar, a caminhar até a cadeira, e não me deixou nem um segundo.
Com a receita pronta e de pé, fui caminhando até você, para agradecer e ir embora.
Você na minha frente, com aquele jaleco branco, cabelo desarrumado de uma maneira sexy e o perfume que emanava pela sala me faziam ir até o céu e não querer voltar. Mas continuei como se nada estivesse acontecendo.
Agradeci e fui saindo até que me puxou e beijou. Lentamente, quente e sua mão grande me fazendo arrepiar de uma maneira estranha. Pra recuperar o fôlego, me deu um abraço mais do que aconchegante, um beijinho na testa e pediu pra voltar mais vezes.
Sério, aquele homem de jaleco branco ainda vai me salvar de um ataque do coração.

13 de fev. de 2012

Medo. Bloqueio. Patético.

Do que você tem medo?
Pessoas vivas, mortas, animais, insetos (pra mim esses monstros não entram em nenhuma classificação), coisas, escuro, altura, lugares fechados etc?
Ou situações?
Gente com esse tipo de medo me deixam furiosa.
Quando isso te impede de realizar algo de vez em quando é aceitável. Mas sempre? Não, definitivamente não tenho paciência com pessoas assim.
Porque elas tem tanto receio de dar a cara a tapa? Reputação a zelar? Preocupação com as pessoas ao seu redor? Ou simplesmente preguiça de viver?
A vida é isso. Erros e acertos. Para acertar, temos que errar. E para errar, temos que tentar.
Bloquear sua forma de aprendizado é patético e, de alguma forma, irritante! A vida é sua, se vire! Mas tem horas que é impossível se controlar, principalmente quando você está envolvido nesse bloqueio.

10 de fev. de 2012

Caixa de Papelão

A maioria dos meus pensamentos estão presos em uma complexa caixa de papelão.
Parece frágil, a ponto de explodir e dominar o mundo com as ideias mais impossíveis. Mas não, nada disso é frágil.
Dentro dessa caixa eu guardo todos os momentos da minha vida.
Todos.
Mas chega uma hora que a caixa vai ficando bagunçada, e dá um trabalho danado pra organizar tudo.
Olho pro céu, visualizo a Lua e as estrelas mais brilhantes que nunca. Começo a ligar as estrelas e fazer desenhos celestiais e, com o tempo, vou reorganizando minha caixa.
Meus sonhos fáceis e complicados, meus desejos materiais, minha esperanças e expectativas, todos guardados com carinho e cuidado.
E um medo imenso de descobrirem uma mínima fissura pra conseguir destruir tudo o que há lá dentro.
Mas não, não sou tão fraca assim. Consigo proteger a minha "vida" com garra e determinação.
E que nenhum filho da puta chegue perto dela!

Pedaço de Papel

O combinado seria: onze horas da noite, você estaria passando em casa pra me levar para o tão esperado baile de formatura!
Dormi o tempo suficiente e acordei logo cedo, pra começar os preparativos e ficar linda pra você!
Cabelo, maquiagem, acessórios, sapato, vestido, perfume, hidratante, aquela olhada básica de meia hora no espelho e o orgulho toma conta!
Nunca imaginei que conseguiria ficar linda dessa maneira -apesar de ser uma beleza que acaba com água e sabão-.
Onze horas em ponto e a buzina do seu carro fez meu coração acelerar de uma maneira inacreditável. A seu jeito todo educado de abrir a porta pra eu entrar, me ajudar com o cinto de segurança pra não estragar o vestido, me dando um beijo carinhoso nos lábios.
Minha noite tinha tudo pra dar certo.
Tinha.
Você me exibia pra todo mundo, pegava na minha mão, cintura, dava beijos na minha testa e na bochecha! Me apresentava como "minha garota" pros seus amigos e amigas.
Com o passar das horas o salão foi ficando vazio e, consequentemente, mais frio. Você me deu seu paletó pra me aquecer e foi pegar uma bebida para nós. Coloquei as mãos nos bolsos para aumentar a temperatura delas, e senti algo. Um pedaço de papel.
Só isso.
Nele tinha uma lista com número em ordem crescente, nomes e lugares.
E lá embaixo eu li algo que me fez desabar:
63ª - Ana Carolina, Baile de Formatura.

É, realmente a minha noite tinha tudo pra dar certo.
Exceto por um simples pedaço de papel.

7 de fev. de 2012

E que os deuses do teatro nos iluminem!

Saudade.
Foi só o que senti quando eu pisei no único lugar aonde eu posso ser, literalmente, quem eu quiser.
Olhar pro local de luta, amor, esperança, aflição, medo e, principalmente, perfeição! Um lugar onde pude me identificar de vários aspectos e várias intensidades!
E só de saber que mais um ano vem chegando, meu coração se enche de alegria e meu corpo de disposição.
Tive que abrir mão de algumas coisas, importantes também! Mas, a vida é feita de escolhas, e eu escolhi a melhor do momento!
E não me arrependo disso!

"E que os deuses do teatro nos ilumine"

1 de fev. de 2012

Ser Feliz

Se você consegue soltar um sorriso verdadeiro está a meio caminho andado.
Mas nem sempre um sorriso é sinal de felicidade. Até pra ser feliz temos que merecer.
Nem que tenhamos que passar por todo o mal do mundo.
Supere. Você é capaz. Todos somos.